quinta-feira, novembro 02, 2017

Esqueçam os wearables, venham os cyborgs

Dia 27 de outubro tive o prazer de assistir à conferência Productized 2017, uma conferência para "product people": product managers, designers, UX, developers (embora poucos neste último grupo). Todas as talks tiveram um cheirinho de ergonomia, mas a do Tony Fernandes foi-me especialmente querida. Fez-me lembrar a minha expectativa de estudante sobre o trabalho de um ergonomista e as aulas de Epistemologia da Motricidade Humana (filosofia sobre o corpo e tecnologia) com o Gonçalo M. Tavares.

O Tony tem desenvolvido o seu trabalho no UE Group e começa a sua intervenção por dizer que os wearables já estão mais que difundidos e estudados ao nível da sua interação com os humanos. Está na altura de vermos a interação entre o ser humano e equipamentos instalados mesmo dentro do seu corpo. Exemplos desta futura interação são: abrir o carro sem ter de usar uma chave ou levantar dinheiro sem ter de ir a uma caixa multibanco.

Ele e a sua equipa têm estudado "instalações corporais" no domínio médico, nomeadamente sensores colocados na coluna para minimizar as dores ou para diminuir a tremura de doentes com Parkinson e possibilitar que andem com fluidez e sem ajuda (o vídeo que mostrou de melhoria num paciente é impressionante). Esta análise ergonómica envolve um conhecimento de todo o sistema:

  • Do paciente. Os pacientes do estudo têm diferentes niveis de literacia sendo muitas vezes de zonas rurais. As situações que vivem e contam fazem muitos dos investigadores sair das sessões a chorar emocionados.
  • Dos cuidadores. Ao entender as suas dificuldades, percebem-se alguns dos requisitos da interação.
  • Das ferramentas usadas pelos profissionais de saúde. Por exemplo as grelhas e software para avaliar a dor e a evolução da situação médica.
  • Da tecnologia. Como lidar com carregamento de bateria e upgrades de software/hardware quando o equipamento está no corpo do paciente?


Por fim, aborda as questões éticas e os desafios que estes elementos mais invasivos terão nas nossas vidas enquanto seres humanos e enquanto investigadores nas áreas de UX.

Aqui ficam algumas fotos tiradas durante a sessão:




Entretanto descobri que já tinha abordado em parte o tema no post Gerações da Ergonomia e Factores Humanos.

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