domingo, novembro 29, 2009

Ergonomics - real design

No museu do Design em Londres está patente uma exposição intitulada "Ergonomics - Real Design" até dia 7 de Março de 2010.

A exposição está dividida por domínios de aplicação: casa, trabalho, transportes, medicina. São apresentados produtos de uso diário, como telemóveis e telecomandos, e sistemas complexos, como caminhos de ferro e salas de controlo.

Para mais informações vejam o site: http://designmuseum.org/exhibitions/2009/2009-ergonomics-real-design

Uma pseudo-nova abordagem ao design centrado no utilizador para conceber ajudas técnicas

Outro dos estudos que encontrei refere-se a uma "nova" metodologia para conceber ajudas técnicas, isto é, equipamentos que ajudam as pessoas com deficiência a ultrapassar as suas limitações, o que se chama em inglês assistive devices.

Nas minha modesta interpretação, os autores utilizaram os métodos de: Usability Context Analysis (UCA) e análise de pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças (análise SWOT e TOWS) e aplicaram-nos ao contexto das ajudas técnicas. Apesar de não ser algo completamente novo, teve um resultado que considero interessante para o exemplo
que decidiram testar - a concepção de uma ajuda técnica de lavagem da cabeça para pessoas com mobilidade reduzida no ombro.

1. A UCA começou com uma análise do utilizador, da tarefa e do envolvimento, através de observação sistemática, hierarchical task analysis, user mapping e brainstorming.
2. Seguiu-se a especificação dos requisitos do utilizador e organizacionais, através do tratamento dos dados da fase anterior, da análise dos atributos do produto e da análise SWOT.
3. Em 3º lugar, produziram-se conceitos de design através da análise TOWS, seleccionaram-se os melhores conceitos e desenharam-se protótipos.
4. Por fim, avaliaram-se os protótipos com os utilizadores, o que levou à sua redefinição.

Usability Context Analysis
A UCA permitiu determinar a divisão da cabeça em 6 áreas, em 6 passos e em 4 movimentos principais.

Análise SWOT
No contexto das ajudas técnicas:
  • os pontos fortes são as capacidades do utilizador (exemplo: força muscular do membro superior oposto),
  • os pontos fracos são as suas limitações (exemplo: abdução do braço acima de xº),
  • as oportunidades constituem as vantagens que os utilizadores podem retirar do equipamento (por exemplo, fazer a tarefa de uma só vez),
  • as ameaças são as desvantagens da sua utilização (por exemplo, dor).
Análise TOWS
Foram listadas as operações, os movimentos e os conceitos básicos, o que deu origem a formas de operar o equipamento.
A partir daí, efectuou-se a análise TOWS, ou seja, construíram-se matrizes de Oportunidades/Pontos fortes, Pontos fortes/Ameaças, Pontos fracos/Oportunidades e Pontos fracos/ameaças. Ver imagem abaixo.

Os 39 conceitos gerados pela matriz foram avaliados por critérios de fun
cionalidade e de segurança. Os conceitos que tiveram uma maior pontuação foram combinações de pontos fortes e ameaças:
- Movimento efectuado por ambos os lados, puxar e empurrar conduzido pelo lado sem limitações,
- Movimento efectuado por ambos os lados, puxar e empurrar conduzido pelo lower shoulder,

Seguiu-se a escolha dos protótipos a serem avaliados pelos utilizadores, tendo sido escolhidos modelos ajustáveis com 40cm e 35 cm.

Avaliação dos protótipos
No estudo de caso, o produto ajuda o utilizador com mobilidade reduzida num dos membros superiores a efectuar movimentos usando posturas seguras e finalizando as tarefas de forma independente. É também suposto que o novo modelo induza o membro com deficiência ao movimento. Assim, o plano de avaliação incluiu as posturas do tronco, da cabeça e do ombro, bem como o grau de dor sentido em cada passo da lavagem da cabeça.
Foi pedido ao participante para lavar a cabeça três vezes: sem a ajuda técnica, usando a actual ajuda técnica e usando a ajuda técnica desenvolvida no estudo.

Conclusão
Verificou-se que o uso da ajuda técnica era mais eficaz que a sua ausência, uma vez que contribuía para a reabilitação do membro superior, encorajava o movimento e facilitava a tarefa.

Fonte: Fong-Gong Wu, Min-Yuan Ma and Ro-Han Chang - A new user-centered design approach: A hair washing assistive device design for users with shoulder mobility restriction, in Applied Ergonomics, vol 40 (5), 878-886.

Robots para quem? Robots para quê?

Como já não escrevo há algum tempo decidi fazer uma pesquisa no mundo ergonómico para saber o que novidades andam por aí. A primeira que encontrei relaciona-se com a aceitação dos robots.
Cada vez mais empresas concebem robots para casa, mas existe pouco conhecimento acerca dos tipos e das características das tarefas que os jovens adultos ou seniores gostariam que fossem feitas por robots. Nesse sentido, os investigadores da Georgia Tech decidiram aprofundar o tema. Apresentaram 15 tarefas de robots, que requeriam diferentes níveis de interacção com o dono e diferentes níveis de dificuldade, e pediram aos participantes para quantificar a sua vontade/motivação para que os robots fizessem as ditas tarefas. As respostas de 117 seniores (entre 65 e 86 anos) e de 60 jovens adultos (dos 18 aos 25 anos) foram analisadas.

Os resultados mostram que ambos os grupos preferem que os robots realizem tarefas pouco frequentes, no entanto importantes, mas que requerem pouca interacção com o homem em comparação com tarefas do estilo de "serviço", que necessitam de uma maior interacção. Os participantes tinham menor grau de vontade/motivação para ter um robot que realizasse tarefas não-críticas que requeressem interacção entre robot e humano.
Os seniores revelaram maior vontade de ter um robot em casa para executar as tarefas críticas, do que os jovens adultos. Os resultados sugerem que ambos os grupos estão mais interessados nos benefícios que um robot pode trazer do que nas suas capacidades interactivas.

sábado, outubro 17, 2009

Outubro - Mês da Ergonomia

Desde 2003 que Human Factors and Ergonomics Society (HFES) decidiu que Outubro seria o mês da Ergonomia.
Assim sendo, várias instituições (nacionais, europeias e internacionais) organizam eventos durante todo o mês para promover esta área do conhecimento.
  • Em Portugal, a APERGO irá realizar um seminário com a SECIL e uma ronda de ergonomia com a AXA Seguros. Além disso, apoia a MBT no lançamento de um site relacionado com o trabalho com ecrãs de visualização. Para mais informações consultem: www.apergo.pt.
  • Na Europa, a FEES apoia as iniciativas de associações nacionais na Bélgica, na Finlândia e em Itália, dias 20, 27 e 30 de Outubro respectivamente. Os temas vão desde a área informática até à avaliação da usabilidade de dispositos médicos. http://www.fees-network.org/activities/2009/european-month-of-ergonomics.html
  • Nos EUA ainda vão decorrer alguns eventos, que contam com o apoio da HFES. A título de exemplo, na universidade de Illinois, decorre a "Bad design on campus competition" em que os concorrentes devem criar um vídeo ou um poster com exemplos de mau design, uma explicação e uma solução. Noutra universidade, em Purdue, decorre uma competição de web-design em que os critérios de avaliação são: a funcionalidade, a usabilidade, a estética e a criatividade. http://hfesnem.org/upcoming.html.

sexta-feira, outubro 16, 2009

Design de intervenção para a saúde, bem-estar e qualidade de vida

O CeFIPsi - Centro de Formação e Investigação em Psicologia - está a organizar mais um rol de workshops de Outono. Um deles é particularmente interessante para a área de ergonomia: Design de intervenção para a saúde, bem-estar e qualidade de vida.
O workshop tem as seguintes palavras-chave: determinantes da saúde, bem-estar e qualidade de vida em meio urbano, espaço pessoal, crowding, stresse ambiental, aspectos psicológicos do design em espaços públicos, intervenções em ambientes institucionais.
O orientador é o Dr. Rui Carvalho (consultor ambiental e investigador, doutorando em Psicologia Social - aplicada ao Ambiente e Consumo).
O workshop irá decorrer sábado dia 24 de Outubro, das 10h às 17h e tem o custo de 35euros (até 5 dias de antecedência).

sábado, maio 09, 2009

Novas maneiras de ver o mundo

Já há algum tempo tive possibilidade de ouvir uma apresentação de Hans Rosling no Ted Talks sobre os mitos acerca dos países em vias de desenvolvimento: http://www.ted.com/index.php/talks/hans_rosling_shows_the_best_stats_you_ve_ever_seen.html. Na altura o que me chamou a atenção foi o conteúdo da apresentação, muito mais do que o formato.
Hoje passei por um blog de ergonomistas ingleses e comecei a ver a apresentação de modo diferente. A ferramenta informática que suporta a apresentação chama-se Gapminder e através do uso de diferentes cores e dimensões, formas, linhas consegue expor dados estatísticos sobre todo o mundo. No entanto, o mais interessante é conseguir ver a evolução dos dados ao longo dos anos. Este tipo de abordagem facilita a compreensão do mundo. É mais um passo dado no campo da interacção homem-computador-sociedade e na usabilidade.
A um nível menos interactivo mas igualmente esclarecedor aconselho o Maps of War, em que através de manchas coloridas conseguimos ver, por exemplo, a evolução dos regimes políticos no mundo: http://www.mapsofwar.com/.
Sei ainda de um artista que recolhe palavras escritas em blogs relacionadas com sentimentos e as apresenta de forma original consoante a sua proporção em cada dia, país, hora mas não me consigo recordar do nome dele agora. Alguém se lembra?
Já me lembrei com a ajuda do Rui Aurélio: http://www.wefeelfine.org/wefeelfine_pc.html

sábado, abril 25, 2009

Ergonomics in design

O 2º Seminário Internacional Ergonomics in Design terá lugar no próximo dia 18 de Maio, pelas 9h00, na Faculdade de Motricidade Humana.

domingo, fevereiro 22, 2009

Análise da actividade 2

Na semana passada foi-nos apresentado um quadro de análise da actividade diferente do habitual. Teve por base a obra de Leont'ev - Actividade, Consciência e Personalidade (1978), que podem consultar em: http://www.marxists.org/archive/leontev/works/1978/index.htm

O esquema dos níveis de actividade mostrado é o seguinte:

O post continua para a semana...

Obesidade e ergonomia

A obesidade é um dos principais problemas de saúde pública do mundo ocidental. Vários autores têm estudado os efeitos da obesidade na saúde do ponto de vista médico. No entanto, o ponto de vista da ergonomia tem sido abordado por poucos autores.

Obesidade no trabalho
A deposição de grandes quantidades de massa gorda altera a relação espacial do trabalhador com o posto de trabalho, a usabilidade dos equipamentos e a interacção com EPIs (devido à massa gorda no abdómen e na cara). O aumento do IMC pode levar as cadeiras de escritório a suportar maiores pesos. A manipulação de cargas pelos trabalhadores obesos pode afectar significativamente a capacidade de aproximar a carga do corpo. Por fim, a obesidade está associada com o desenvolvimento da apneia do sono, o que aumenta o risco de acidentes de trabalho e de acidentes rodoviários.

Estado da arte
Até agora que temáticas têm sido estudadas?

1. O efeito da gordura abdominal no desempenho de pessoas que usam lombostatos;
2. O efeito do IMC (índice de massa corporal) na absorção de vibração vertical enquanto sentado;
3. Um IMC elevado como factor de risco para o síndrome do canal cárpico em trabalhadores de linhas de montagem de automóveis;
4. A obesidade como uma variável no perfil da lesão de médicos sonógrafos;
5. O IMC e a mortalidade entre os não fumadores;
6. O IMC como explicador das diferenças nas medidas de electromiografia da exposição física em pessoas da limpeza;
7. O impacto do IMC na altura preferencial para os suportes lombares;
8. A predição quantitativa do diâmetro corporal em indivíduos com obesidade severa;
9. A relação entre IMC e o risco de lesão/morte em acidentes rodoviários.

Portanto, ainda há muito para estudar nesta área. No próximo post falarei da relação entre obesidade e peso máximo
aceitável.

Fonte: Williams, N; Forde, M (2009). Ergonomics and obesity. Applied Ergonomics 40, pp148–149

domingo, fevereiro 01, 2009

Análise da actividade

Nos dias 13 e 14 de Fevereiro vai ter lugar em Lisboa, no ISEC, um seminário sobre análise da actividade. Vai contar com a presença do professor Fraçois Daniellou e de Lena Noorus.
A inscrição no evento custa 100euros para sócios da APERGO mas há modalidades mais baratas para empresas.
Em breve colocarei mais informações.

SHO 2009

Nesta 6ª feira vou ter oportunidade de apresentar o meu trabalho de estágio no colóquio Segurança e Higiene Ocupacionais 2009, em Guimarães. Apareçam.

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