domingo, novembro 29, 2009

Uma pseudo-nova abordagem ao design centrado no utilizador para conceber ajudas técnicas

Outro dos estudos que encontrei refere-se a uma "nova" metodologia para conceber ajudas técnicas, isto é, equipamentos que ajudam as pessoas com deficiência a ultrapassar as suas limitações, o que se chama em inglês assistive devices.

Nas minha modesta interpretação, os autores utilizaram os métodos de: Usability Context Analysis (UCA) e análise de pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças (análise SWOT e TOWS) e aplicaram-nos ao contexto das ajudas técnicas. Apesar de não ser algo completamente novo, teve um resultado que considero interessante para o exemplo
que decidiram testar - a concepção de uma ajuda técnica de lavagem da cabeça para pessoas com mobilidade reduzida no ombro.

1. A UCA começou com uma análise do utilizador, da tarefa e do envolvimento, através de observação sistemática, hierarchical task analysis, user mapping e brainstorming.
2. Seguiu-se a especificação dos requisitos do utilizador e organizacionais, através do tratamento dos dados da fase anterior, da análise dos atributos do produto e da análise SWOT.
3. Em 3º lugar, produziram-se conceitos de design através da análise TOWS, seleccionaram-se os melhores conceitos e desenharam-se protótipos.
4. Por fim, avaliaram-se os protótipos com os utilizadores, o que levou à sua redefinição.

Usability Context Analysis
A UCA permitiu determinar a divisão da cabeça em 6 áreas, em 6 passos e em 4 movimentos principais.

Análise SWOT
No contexto das ajudas técnicas:
  • os pontos fortes são as capacidades do utilizador (exemplo: força muscular do membro superior oposto),
  • os pontos fracos são as suas limitações (exemplo: abdução do braço acima de xº),
  • as oportunidades constituem as vantagens que os utilizadores podem retirar do equipamento (por exemplo, fazer a tarefa de uma só vez),
  • as ameaças são as desvantagens da sua utilização (por exemplo, dor).
Análise TOWS
Foram listadas as operações, os movimentos e os conceitos básicos, o que deu origem a formas de operar o equipamento.
A partir daí, efectuou-se a análise TOWS, ou seja, construíram-se matrizes de Oportunidades/Pontos fortes, Pontos fortes/Ameaças, Pontos fracos/Oportunidades e Pontos fracos/ameaças. Ver imagem abaixo.

Os 39 conceitos gerados pela matriz foram avaliados por critérios de fun
cionalidade e de segurança. Os conceitos que tiveram uma maior pontuação foram combinações de pontos fortes e ameaças:
- Movimento efectuado por ambos os lados, puxar e empurrar conduzido pelo lado sem limitações,
- Movimento efectuado por ambos os lados, puxar e empurrar conduzido pelo lower shoulder,

Seguiu-se a escolha dos protótipos a serem avaliados pelos utilizadores, tendo sido escolhidos modelos ajustáveis com 40cm e 35 cm.

Avaliação dos protótipos
No estudo de caso, o produto ajuda o utilizador com mobilidade reduzida num dos membros superiores a efectuar movimentos usando posturas seguras e finalizando as tarefas de forma independente. É também suposto que o novo modelo induza o membro com deficiência ao movimento. Assim, o plano de avaliação incluiu as posturas do tronco, da cabeça e do ombro, bem como o grau de dor sentido em cada passo da lavagem da cabeça.
Foi pedido ao participante para lavar a cabeça três vezes: sem a ajuda técnica, usando a actual ajuda técnica e usando a ajuda técnica desenvolvida no estudo.

Conclusão
Verificou-se que o uso da ajuda técnica era mais eficaz que a sua ausência, uma vez que contribuía para a reabilitação do membro superior, encorajava o movimento e facilitava a tarefa.

Fonte: Fong-Gong Wu, Min-Yuan Ma and Ro-Han Chang - A new user-centered design approach: A hair washing assistive device design for users with shoulder mobility restriction, in Applied Ergonomics, vol 40 (5), 878-886.

Sem comentários:

Share