Tenho-me deparado nos últimos tempos com algumas confusões sobre aquilo que é a ergonomia.
Em formação, quando os formandos ouvem falar de ergonomia levantam a cabeça e colocam a coluna na vertical como se o ergonomista fosse um polícia da postura que diz às pessoas como se devem sentar.
Tenho reflectido sobre o assunto para tentar perceber o porquê desta atitude. Ergonomia é uma ciência muito mais abrangente e que, ainda por cima, se centra sobretudo na mudança do envolvimento de trabalho, dos equipamentos e afins e não no operador.
Encontrei uma resposta, embora não saiba se é a correcta ou a única.
No campo da saúde, higiene e segurança do trabalho existe uma classe de riscos designada por "riscos ergonómicos". Nessa classe encontram-se as posturas penosas e o sobreesforço que podem levar às famosas lesões músculo-esqueléticas. Na minha opinião, este conceito deturpa completamente o sentido da ergonomia.
Se ergonomia estuda todos os aspectos da interacção do trabalhador com o sistema de trabalho, todos os riscos profissionais seriam ergonómicos. Se a ergonomia tenta resolver os problemas como poderá ser considerada um tipo de risco?
Já ouvi sugestões para os designarmos de "riscos ligados à interacção", ou "riscos relacionados com actividade", entendendo actividade como aquilo que o operador realmente faz. Seria um avanço para a clarificação do que é a ergonomia mas, nesse caso, os riscos químicos e outros também podiam ser considerados de interacção.
Deixem as vossas opiniões para que este tipo de confusões aconteçam cada vez menos.
Gostava ainda de clarificar que a ergonomia não actua exclusivamente na perspectiva da produção mas também na perspectiva do produto.
Um ergonomista preocupa-se com as questões da interacção não só ao nível do trabalho, mas também ao nível do lazer.
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