segunda-feira, outubro 29, 2007

Um dia na vida de uma ergonomista - Parte 1

Para cumprir os objectivos do meu estágio curricular é essencial perceber como os ergonomistas desenvolvem a sua actividade, que dificuldades encontram no dia-a-dia e de que ferramentas e indicadores necessitam.
Nesse sentido, iniciei hoje um conjunto de visitas a ergonomistas.

Aqui ficam alguns aspectos interessantes da análise do trabalho de uma ergonomista na indústria:
- O trabalho desta ergonomista é reconhecido. No decorrer do dia, observei pedidos de informação/participação/esclarecimento de: fornecedores, membros da engenharia de produção e operadores.
- Os operadores sabem queixar-se e utilizam os termos da ergonomia quando fazem alguma sugestão.
- A própria produção se encarrega de encaminhar alguns pedidos de melhoria.
- A ergonomista só se ocupa dos factores de risco de lesões músculo-esqueléticas e fadiga. Os factores psicossociais não são alvo da atenção da empresa. Outros profissionais ocupam-se das questões relacionadas com a segurança de forma mais directa.
- É necessário conhecer muito bem o processo de produção e as peças utilizadas antes de fazer uma análise no terreno. Para isso os colegas da engenharia de produção fornecem alguns dados, nomeadamente através de análises MTM (Método Tempos e Movimentos).

Se algum ergonomista quiser colaborar neste projecto deixe o seu comentário por favor.

terça-feira, outubro 23, 2007

Quem atende o telefone?

1984 The Far Side cartoon by Gary Larson.
"Um óptimo design de um ponto de vista técnico mas que não teve em consideração as necessidades e limitações dos potenciais utilizadores."
Fonte: Wilson, J. R.; Corlett, E.N. (eds)- 1995. Evaluation of Human Work: a practical ergonomics methodology. Taylor & Francis.

sexta-feira, outubro 19, 2007

Colóquio Internacional sobre Segurança e Higiene Ocupacionais - SHO 2008

O SHO 2008 vai realizar-se nos dias 7 e 8 de Fevereiro de 2008 em Guimarães.
Consultem a página: http://sho2008.no.sapo.pt, o programa: http://sho2008.no.sapo.pt/3_pro.htm e o apelo a comunicações: http://sho2008.no.sapo.pt/4_com.htm.
Devem enviar um resumo (em Português ou Inglês) com um máximo de 200 palavras, indicando os autores e a instituição, ou empresa a que pertencem, bem como um endereço de e-mail para contacto posterior, até ao dia 4 de Janeiro de 2008. Caso a comunicação seja aceite, o artigo completo (máximo de 4 páginas) deverá ser enviado até ao dia 11 de Janeiro de 2008.

domingo, outubro 14, 2007

Novo conceito de interface

O clique é um meio difundido de interagir com os sistemas de informação uma vez que mimetiza as nossas acções no meio físico, por exemplo, quando acendemos interruptores.

Será possível interagir sem cliques?
Foi desse conceito que partiu uma equipa de investigadores, ao perceber que o espaço morto entre cliques poderia ser preenchido.
Neste momento estão a investigar até que ponto se consegue navegar na internet sem clicar. Para isso recorrem à análise dos primeiros 20segundos de interacção, à opinião dos utilizadores entre outras estatísticas.
Experimentem o link antes de prosseguir: http://www.dontclick.it/

Opinião sobre o interface
Considero o conceito bastante promissor principalmente se tiver alguma influência na diminuição de lesões músculo-esqueléticas.
Contudo detectei algumas limitações ao nível da eficiência que já reportei aos conceptores:
  • Queria fazer copy/paste para trabalhar a informação no blog e não consegui por não poder clicar.
  • Há estrelas verdes activáveis e não activáveis que se confundem.
  • Quando escrevi o meu comentário, só consegui andar para trás no texto com o teclado;
  • É frequente abrirmos secções nas quais não estamos interessados. Há utilizadores menos experientes que deixam ficar o rato em cima do botão enquanto tentam compreender o sistema o que pode dificultar a interacção.
  • Será que o sistema pode ser utilizado por pessoas com deficiência visual?

Deixem os vossos comentários em relação à viabilidade do conceito.

sábado, outubro 13, 2007

Concepção de dispositivos médicos

Segundo Erik Swain (americano), há alguns anos atrás os factores humanos eram ignorados na indústria dos dispositivos médicos. A concepção era dominada por engenheiros e a sua principal preocupação era perceber se o dispositivo funcionava correctamente. A facilidade de utilização, a adaptação ao ritmo de trabalho dos prestadores de cuidados de saúde ou o facto da concepção induzir a erros eram factores secundários ou nem sequer tidos em conta.

No artigo são dados exemplos de alguns produtos desenhados tendo em conta princípios ergonómicos.
Irão perceber em que medida este sistema de infusão e o utensílio para biopsías têm em conta a ergonomia.

Na perspectiva do autor, o próximo passo nesta área será integrar a usabilidade com o processo de gestão do erro. A usabilidade traduz-se numa redução do erro mas nem sempre numa gestão do erro. [Aguardo comentários a esta ideia]

Será que o panorama apresentado por Erik Swain é idêntico ao europeu e português?
Segundo o Jornal de Notícias, laboratórios, faculdades e empresas do Norte do país concorreram ao programa Pólos de Competitividade e Tecnologia, do Plano Tecnológico, financiado pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN). O objectivo é criar um centro tecnológico de excelência na área da Saúde que suplante a produção industrial. Uma das valências do projecto prende-se com a concepção de dispositivos médicos.

Será que está algum ergonomista incluído na equipa? Não seria uma boa oportunidade para introduzir a ergonomia na concepção nas áreas da saúde?

"O país tem poucas empresas a produzir instrumentos médicos e farmacêuticas e estão quase todas situadas entre o Porto e Penafiel. A maior, fundamental no projecto, é a Bial."

De momento estou a procurar se alguma empresa desta área tem preocupações ao nível da ergonomia. Deixo-vos um link com empresas para pesquisarem: http://www.apormed.pt/associados.htm

Computadores portáteis

Ao longo dos anos que passei na faculdade fui vendo o número de utilizadores de computadores portáteis crescer. No início uma ou duas pessoas por turma tinha um. Hoje vemos as mesas da biblioteca e do bar totalmente ocupadas por eles.

Que consequências terá o uso de computadores portáteis na vida dos estudantes e de outros profissionais?
Recentemente foi feito um questionário a 649 alunos ingleses acerca do uso de computadores portáteis e dos seus efeitos (financiado pelo Stephen Pheasant Memorial Fund).
Os utilizadores sentiam dores no pescoço (21%), nos ombros (21%), nos punhos (16%), nas costas (15%) e nos olhos (11%).
Muitas das vezes os computadores eram posicionados no colo (42%), na cama (29%) e no chão (13%).

Que conselhos genéricos posso fornecer?

  • Mesmo que tenha intenção de usar o portátil por pouco tempo, posiciona-lo sobre uma mesa. Corrigir a altura da mesa ou da cadeira de maneira a assentar os antebraços.
  • Ao comprar um portátil certificar-se que tem espaço antes do início do teclado para assentar os punhos.
  • Colocar o rato à mesma altura do teclado e junto ao utilizador evitando a flexão do ombro.
  • Ao usar um computador portátil os olhos estão mais próximos do ecrã não atingindo uma distância confortável, ou seja, não permite que os músculos que movimentam os olhos possam relaxar. Poderá ser necessário ligar um teclado ao computador portátil permitindo afastar o ecrã dos olhos.
  • Certificar-se que as costas estão bem apoiadas (o que é normalmente antónimo de sofá).

Este é um dos temas da ergonomia mais conhecidos pelo público em geral. Porém, espero que não pensem que os ergonomistas se limitam a dizer que postura se deve adoptar. Antes pelo contrário, os ergonomistas tentam modificar os equipamentos de trabalho (e a relação entre eles) para proporcionar uma utilização mais eficaz e benefícios para a saúde. Com os conselhos pretende-se que seja o utilizador a criar um olhar crítico sobre a organização do seu espaço de trabalho, fazendo pequenas experiências/alterações para minimizar o descomforto durante a utilização do computador portátil.

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